terça-feira, 28 de abril de 2015

Resumo do 2º mês

Menina, é muita cólica! Mamãe percebeu que sempre que a mamãe tem algum problema - falta de comunicação, irritação por qualquer coisa - , sua barriguinha parece que para de funcionar direito. Talvez eu esqueça de tomar água e me alimentar direito, ou talvez seja mesmo emocional. Os testes não indicam resultados conclusivos. Mas vai passar.

Update de 12 semanas: cólica é coisa rara agora! Mas no dia 20 de abril, aconteceu a coisa mais esquisita... às 22h e alguma coisa, você começou com um choro desesperado. Não era cólica. Não era fome. Não era fralda. Tirei sua roupa, não era calor. O quarto estava aquecido, não era frio. Você só chorava. Te abracei, virei de ladinho, dei beijinhos, cantei, conversei. Nada. Seu pai demorou mais 30 min pra conseguir te acalmar. Você dormiu nos braços dele e quando ele foi te colocar no travesseiro, começou tudo de novo. No dia seguinte, no mesmo horário, o mesmo choro. Já não me lembro como resolvemos. Era uma terça-feira. Na quarta-feira, me adiantei: jantamos mais cedo, seu pai te colocou pra dormir mais cedo. E não teve o choro desesperado.

Você parece que odeia o sling. Te colocar nele acordada é sempre uma tortura, com muito choro. Como gosta de ficar soltinha e livre! Mas a mamãe gosta de ter bem pertinho, coladinha. Então, tentamos cantar, brincar e te distrair e pumba, você entra no sling. Quando percebe onde está, começa o chororô. Eu fico pulando pela casa, andando de um lado pro outro. Ou você cai no sono, ou você fica olhando por cima do pano, encantada. Mas se eu paro pra te arrumar melhor, volta o choro. Vai passar, não é?

Update de 12 semanas: você passou a gostar do sling. Quando está agitada demais, é só assim que consigo te fazer dormir. Você não adora o pano de paixão, mas quem sabe?

Update 2: seu pai consegue te fazer dormir no carrinho.

Você não gosta de ficar deitada, quer ficar em pé, mesmo sem ter força nas perninhas. Mentira, você tem MUITA força nas perninhas, a enfermeira que aplica suas vacinas nem consegue te segurar! Precisa sempre de ajuda.

Você gosta do banho, mas odeia sair. Chora um monte. De me fazer chorar junto toda vez. Um belo dia, tentamos tirar você aos pouquinhos da água e só após alguns segundos enrolada na toalha você começou a chorar. Será que se te metermos na toalha também aos pouquinhos você sai calminha? Eu sei, água quentinha, banheira apertadinha, tudo uma delícia. Vai passar.

sábado, 18 de abril de 2015

O fantasma do parto em casa

Li dois artigos hoje que me fizeram vir cá refletir um pouco. Este, intitulado "I had a home birth and I'm not stupid. Or brave", e este sob o título "My true feelings regarding my home birth". O primeiro, com visão e desfechos positivos. O segundo, extremamente negativo.

Eu queria manter tudo em segredo, porque não era da conta de ninguém. O marido queria partilhar com o mundo, porque ele é assim. O meu parto em casa foi muito bem planejado.

Não quero convencer ninguém de que parir em casa é melhor/mais seguro/mais legal do que parir em hospital. Mas quero sim convencer todas as pré-mamãs de que toda escolha deve ser informada. Que não seja uma pseudo-escolha informada, onde a mulher confia na palavra do/a médico/a sem pesquisar e sem desconfiar. Ou pior, sem conhecer o próprio corpo, desinteressada pelo processo.

Li muitos artigos sobre parto em casa, segurança e intercorrências antes de decidir pelo parto em casa. E quando decidi, continuei a ler. Tive meus momentos de dúvida, é claro. E se acontecesse algo comigo? Ou pior, e se acontecesse algo com minha bebé? A solução que eu encontrei foi equilibrar racional e emocional. Vamos lá.

Fiz meu pré-natal com muito cuidado. Todos os exames normais, gravidez evoluindo lindamente. Escolhi minha equipe com mais cuidado ainda. Escolhi ter mais sessões do que as incluídas em cada "pacote", para ter mais intimidade com as pessoas. Com a doula, muitas massagens e muita conversa. Com as enfermeiras, consultas extras. Nas massagens, vi o cuidado com o qual podia contar. Nas consultas, a atenção dispensada, o toque, a experiência. Então, consultei o instinto e ele dizia "são elas!".

Me conectei com minha bebé. Conversamos, expliquei o que planejava para o parto, o ambiente que tentaria criar. Expliquei que havia a alternativa do hospital, com outra equipe. E pedi que ela escolhesse como preferia chegar ao mundo, que me desse pistas do que preferia. Se o parto era uma dança minha e dela, então ela devia participar das decisões.

Conversei com ela o tempo todo. Toda vez que ia pro banho e fazia massagens com óleo na barriga, repetia os planos, as opções e o pedido que ela indicasse o que queria. Conseguimos uma conexão incrível. No ultrassom da 20ª semana, expliquei que gostaríamos de saber o sexo, mas que se ela (ainda não sabia que era ela) preferisse fazer surpresa, íamos adorar do mesmo jeito. E toda vez que o médico falou "vamos ver o sexo", ela mostrava. Ela decidiu. Em alguns momentos, pedi que ela assumisse a posição cefálica a partir da 30ª semana, para que a mamãe ficasse mais tranquila. Com 24 semanas, ela estava cefálica e assim ficou.

Eu busquei tanta informação que muitas vezes me perdi. Voltava e tentava me organizar. Decidia uma coisa e depois mudava de ideia - como a vitamina K, que primeiro não queria, depois achei que era mais seguro. EU decidi isso. Para alguns itens, consultei o marido (como a vitamina K), apresentava o item, os prós e contras que encontrei ao pesquisar e ele pesquisava por conta e depois voltávamos a conversar. Para outros itens, a opinião dele simplesmente não era precisa - como episiotomia ou manobras para expulsão. Itens que envolviam atos e consequências sobre o MEU corpo eram decisão MINHA e pronto. E ele concordava.

Tudo caminhou muito bem, e eu sentia que o parto seria em casa, sem qualquer intercorrência. Tanto que a mala para a maternidade não ficou pronta a tempo. O plano de parto impresso que seria entregue no hospital não foi impresso.

Eu escolhi o parto em casa por muitos motivos, o primeiro sendo o local onde eu sabia que me sentiria mais segura e poderia controlar. E para o parto progredir lindamente é preciso que a mulher se sinta segura no ambiente em que vai parir. O segundo motivo era evitar os protocolos hospitalares, com procedimentos na mãe e no bebê que não são necessários. O terceiro, a presença constante do pai. E por último, o "terminou tudo, tchau gente, vou dormir no meu quarto com a A., beijo!".

Depois de analisar esses motivos, claro que voltei praquelas duas perguntas que me assombraram por um tempinho: "E se acontecesse algo comigo? Ou pior, e se acontecesse algo com minha bebé?". Tive uma obsessão nada saudável por relatos de parto, em especial os que não correram como planejado. Chorava imenso e pedia pra minha bebê não me deixar. Até que me veio um estalo - já conversei com a bebê, já temos um plano B (o hospital, a 5 minutos de casa), só me resta confiar. Confiar na equipe que escolhi, confiar na bebê e confiar em mim mesma. Passei a procurar apenas relatos de parto maravilhosos, pra me encher de ocitocina.

Questionar. Pesquisar. Empoderar-se.


sexta-feira, 3 de abril de 2015

A mãe que eu gostaria de ser

Quando a A. nascer, vamos esperar o cordão umbilical parar de pulsar para cortar. 

A. não vai usar chupeta, faz mal pros dentes e pra musculatura da boca. Também não vai usar mamadeira pra nada, não precisa.

Vamos usar fraldas de pano em vez das descartáveis, é mais econômico. Pensando bem, não vou ter paciência nem tempo pra ficar lavando fralda, vamos usar as descartáveis. 

Ela só vai comer doces e frituras depois dos 2 anos de idade, isso não é negociável, queremos uma filha saudável, amor. 

Quero ficar com ela no sling, pele com pele, o dia inteiro nos primeiros 3 meses, pra estabilizar a temperatura dela, melhorar o ritmo respiratório, etc. E ela vai ser calminha, não vai chorar nunca.

Não, amor, ela não vai dormir a noite todinha, se não morre de fome, né?

Vou amamentar em livre demanda, sempre que ela quiser, dou o peito. Não dói, é tão fácil amamentar. Vai ser lindo! E eu vou ter toda a paciência do mundo pra dar o peito sempre que ela quiser. Não vou precisar de ajuda pra isso, amamentar é natural. 


Não vou brigar com ela. Nunca. Vou querer ficar o tempo todo com ela! O tempo todo!

Não entendo porque as mães de primeira viagem têm esses posts sombrios de puerpério, é tudo maravilhoso! Maravilhoso...

Resumo do 1º mês

Você chegou me trazendo um milhão de dúvidas, sendo a principal "como eu desligo esse bebê?".

O primeiro dia foi um paraíso. Seu pai e eu animadíssimos porque você  finalmente chegou, eu feliz da vida porque deu tudo certo e você nasceu em casa. Eu não tinha fome, não almocei e não lembro de ter jantado. Tirei uma soneca comprida à tarde e não me lembro de dormir mais.

Tudo desabou no dia seguinte. Você simplesmente não mamava. Eu sempre achei que amamentar era a coisa mais simples do mundo, e julgava muito as mães que optavam por dar fórmula. Achava que era só colocar a boquinha do bebê no peito e pronto, ele se virava sozinho. E a foto da Gisele Bundchen amamentando enquanto fazia cabelo e unha só comprovava isso na minha cabeça, era tudo simples. Só que não era. Você não pegou direito, me machucava, o colostro não era nunca suficiente. Você tentava por 5 minutos, caía no sono exausta e acordava gritando, com fome. E achei que era esse o normal.

Como não fazia cocô, ficamos preocupados e procuramos ajuda. Talvez fosse o freio lingual. Fomos a um pediatra indicado pela doula e pronto, o freio não era tão curto, mas talvez estivesse interferindo na amamentação. Não tive coragem de ver enquanto cortava.

Chegamos em casa, a doula veio nos visitar e me ajudou com a amamentação, porque você precisava se acostumar com a linguinha nova. No dia seguinte, você não acordou gritando e ficamos tão felizes, seu pai e eu. A partir daí, as coisas ficaram mais tranquilas: você mamou, engordou, estava mais calma.

No dia 24 de fevereiro, aconteceu a coisa mais linda – você sorriu. Acordada. Já tínhamos visto você sorrindo e fazendo caretas enquanto dormia, mas nunca acordada.